domingo, 5 de junho de 2011

Enquadramento do Correio da Bahia sobre a lavagem do Senhor do Bonfim no dia 14 de janeiro

No enquadramento do dia 14 de janeiro de 2011, um dia após a festa do Senhor do Bonfim, o Jornal Correio da Bahia fez uma grande reportagem no Caderno MAIS na Editoria Salvador Festas Populares.

As matérias foram feitas pelos jornalistas Anderson Sotero, Léo Barsan, Bruno Menezes e Priscilla Chamas, nas páginas 24, 25, 26 e 27 da Editoria Salvador Festas Populares.

A matéria principal foi assinada pelo jornalista Anderson Sotero, cujo título “8 km de pagode” tem um relevante e curioso destaque. O jornalista do Correio teve uma grande criatividade com o título, que a primeiro momento achamos que a festa do Senhor do Bonfim teve 8 km de percurso tocando musica de pagode, mas os 8k de pagode que o jornalista fala, refere-se ao jegue pagode, que foi o único animal a desfilar na festa, mesmo contraposto a proibição do juiz.

Na matéria também consta uma foto de uma mulher dançando pagode, feita pela jornalista Marina Silva em que legenda fala que o pagode foi o ritmo da festa, assim como o jegue pagode, o único animal da festa. Existe ainda na matéria mais outra foto em destaque com o jegue pagode e seu dono Moisés rodeado de baianas, onde o jegue desfilou no chão só com um chapéu e uma gravata do Esporte Clube Bahia.

Na legenda da foto, destaca que alheio à polêmica, o jegue pagode fez todo o percurso do trajeto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia até a Colina Sagrada. A manjedoura criada pelo dono, como relatamos na matéria do dia 11 de janeiro, foi apreendida logo as 06h30 da manhã no dia da festa.

Segundo a liminar que saiu no dia 10 de janeiro, dada pelo Juiz Ruy Eduardo Almeida Brito da 6° Vara da Fazenda Pública da Bahia, estaria estritamente proibido a participação de carroças conduzidas ou puxadas por animais na festa que celebra o Senhor do Bonfim, que segundo o juiz essa decisão foi tomada para que os animais não fossem maltratados durante o percurso. Mas o dono do jegue Pagode conseguiu burlar a fiscalização escondendo o animal em uma das transversais na Rua do Museu do Ritmo. Em seguida, Moisés, sua mulher e um amigo conseguiram arrumar uma “brecha” e populares fizeram uma corrente humana e conseguiram colocar o jegue pagode no meio do percurso.

O cortejo contou com cerca de 500 baianas e um milhão de pessoas segundo estimativas da Polícia Militar, mas mesmo assim Moisés Cafezeiro conseguiu colocar o jegue pagode no meio do percurso. Eles ainda tiveram o seu trajeto interrompido por três vezes nos bairros de Água de Meninos, Mares e perto do Largo de Roma, mas foram liberados e continuaram o percurso ate o final.

No lado profano da festa, o ritmo do pagode foi o que mais teve destaque entre os foliões, em paralelo ao nome do jegue mais famoso da festa. Moisés afirma na matéria que a sua intenção em levar o jegue pagode a festa era protestar contra a decisão do juiz da 6° vara da Fazenda Pública e não em gerar polêmica ou tumultuar a ardem pública. Ele afirma que a população tem que preservar todas as tradições da Bahia que estão acabando a cada geração e que o jegue é o símbolo da resistência da festa do Senhor do Bonfim.

No intertítulo “Fiscalização” o jornal fez uma matéria mostrando o lado da fiscalização da festa, em que apesar de Cafezeiro ter relatado que teve a manjedoura apreendida e ter conseguido desfilar na festa, a Secretaria Municipal de Saúde informou através de nota oficial, que técnicos da Vigilância Sanitária e do Centro de Zoonoses realizaram na manhã do dia 13 de janeiro de 2001, no dia da festa, uma fiscalização no cortejo da Festa do Senhor do Bonfim com o objetivo de evitar abusos e maus-tratos aos animais e que não constaram a presença de nenhum animal durante a festa. A presença do jegue Pagode, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, foi um fato isolado.

A ação contou com a utilização de um caminhão boiadeiro, que seria utilizado se por acaso tivesse havido algum animal na festa. A Procuradoria Geral do Município informou que para o ano de 2012, buscará uma solução viável para a questão dos animais na festa, para que não houvesse tanta polêmica como foi no ano de 2009 e 2010. Na matéria a Polícia Militar informou que não houve nenhum tipo de apreensão, nenhuma ocorrência de animais durante a festa.

Na matéria mostra também que a proibição da participação dos animais puxando as carroças nas festas dividiu as opiniões. O artista Bira do Jegue relata na matéria que acha uma falta de respeito proibir os animais na festa, pois o desfile é uma tradição de mais de 200 anos.

O jornal fez uma grande reportagem neste dia, pois conseguiu destrinchar toda a história em torno da proibição dos animais na festa, nas matérias feitas antes e depois da festa. Percebemos que nessa matéria o jornal Correio da Bahia fez uma grande cobertura jornalística do que aconteceu no dia da festa do Senhor do Bonfim e o desfecho da polêmica que estava assolando a cidade nos últimos sete dias.

O jornal ouviu as duas partes envolvidas na questão e deu um livre acesso para ambos expressarem as suas opiniões. Em pesquisa feita pelas docentes, o principal concorrente do Correio da Bahia, o jornal A Tarde, deixou a desejar nessa questão apenas relatando que os animais não participaram da festa, mas foi o jornal Correio da Bahia que no dia, fez uma grande cobertura jornalística sobre a questão.

Na matéria secundária feira titulada “Mais de um milhão participaram do cortejo, diz PM” o jornal deu destaque à fé da população na caminhada do Senhor do Bonfim, em que mais de um milhão de baianos e turistas participaram da festa segundo a polícia militar. O jornal enfatizou que um dos pontos altos da festa foi quando antes da procissão, foi feito um ato inter- religioso por representantes católicos, espíritas, protestantes e representantes do candomblé e do hinduismo em grande uma grande corrente de pedido de paz.

O jornal destacou também a questão entre o sagrado X profano, onde mostra na entrevista uma mulher reclamando que o marido oito horas da manhã estava bebendo em vez de ir para a Igreja reverenciar o padroeiro de sua cidade. O jornal nessa matéria destacou a questão que é muito discutida na festa do Senhor do Bonfim, em que os jovens não participam da festa sagrada, somente participam da festa profana.

Na matéria secundária feita pelo jornalista Léo Barsan, titulada “Momento de emoção com baianas no Bonfim”. A matéria mostra um dos grandes momentos da Festa do Senhor do Bonfim: a lavagem das escadarias da Igreja feita por baianas. Dezenas de baianas lavaram o adro e as escadarias da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, no final da manhã do dia 13 de janeiro de 2011.

A matéria enfoca nos relatos dos fiéis que amarraram à fitinha do Senhor do Bonfim no adro da igreja e pediram a benção do padre na porta da Igreja. Merece destaque também na matéria uma senhora, a aposentada Lurdes Novais de 71 anos, que há 59 anos faz a caminhada ate a Igreja do Senhor do Bonfim.

Nessa matéria o jornal dá um grande destaque à parte sagrada da festa, onde pessoas se apertam no meio da multidão para receber a benção do pároco Edson Menezes da Igreja do Senhor do Bonfim, para receber a benção do padre.

Na matéria tem em destaque uma foto feita pela jornalista Marina Silva, onde tem duas baianas lavando as escadarias da igreja do Senhor do Bonfim, um dos pontos altos da festa. Percebemos nesta matéria feita pelo Correio, uma questão já levantada neste trabalho, que infelizmente só as pessoas mais velhas participam da parte sagrada da festa. Os jovens geralmente, só participam da festa profana.

Em outra matéria secundária, titulada “Turistas estréiam na festa e registram tudo”, feita pelo jornalista Bruno Menezes mostra em destaque depoimentos de turistas que participaram pela primeira vez da Festa do Senhor do Bonfim e alguns que já são veteranos. Na matéria tem uma foto do jornalista Evandro Veiga, de uma turista alemã que levou uma câmera filmadora na cabeça para registrar todos os fatos da festa. O jornal evidencia na matéria, o perigo que a turista alemã estaria sofrendo com esta filmadora na cabeça, sabendo-se que em toda festa popular existem aqueles que vão para se divertirem e outros que vão para praticar crimes.

A quinta e última matéria da edição dia 14 de janeiro, titulada “ Só Faltou João” o jornal deu destaque a participação dos políticos baianos durante o cortejo em direção a Colina Sagrada. A reportagem começa com um tipo de ironia afirmando que os políticos são devotos do Senhor do Bonfim desde pequenininhos. Eles aproveitam o momento para mostrar toda a simpatia para o povo baiano que acompanha a festa.

Um dos principais temas da matéria foi a ausência do prefeito João Henrique em um momento de crise do município, por isso o título da matéria ser “ Só faltou João”. A participação em um encontro de ministros na ocasião foi dada como justificativa pela assessoria do prefeito.

A desculpa não foi bem aceita pela população que protestou, como sempre durante todo o trajeto. Em protesto a desapropriação de algumas casas, um morador do bairro de Roma e líder comunitário levou uma placa.

Foi apontada que independente do motivo da ausência do prefeito na festa, a administração municipal esteve representada pelo vice-prefeito Edvaldo Brito, na solenidade na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Durante o cortejo, o político acompanhou integrantes de seu partido, o PTB.


A participação de Jaques Wagner e de sua esposa, Fátima Mendonça, foi ressaltada pela ausência do prefeito. Em tom de crítica, o governador apontou que, “quem está na política tem que ter coragem de se expor, vir aos festejos populares, receber cumprimentos e críticas também”. Demonstração da rivalidade política.

O governador não perdeu a oportunidade de comentar a catástrofe relacionadas com as chuvas no Rio de Janeiro, que teve mais de 300 vítimas fatais. A fé em Senhor do Bonfim foi utilizada para mostra solidariedade com o povo carioca.

A política foi realmente o ponto forte da reportagem. Mais uma vez o tema ausência do prefeito foi lembrado. O deputado Gedel Vieira Lima do PMDB participou de uma parte do cortejo, mesmo tendo que sair às pressas para o aeroporto com destino a Brasília. O político foi para o mesmo encontro de ministro que João Henrique utilizou como desculpa para não estar em Salvador no dia.

Até mesmo um encontro com o vice-presidente do Brasil, Michel Temer foi citada na matéria. Mas, o parlamentar não comentou o tema o que seria conversado. O suspense tomou conta desse trecho. Os planos políticos de Geddel em 2012 também não foram revelados.

A foto do governador do Estado beijando a primeira-dama compõem o destaque da participação política, além das imagens de peemedebistas e da tradição religiosa de César Borges (PR).

Outro político que também não quis comentar sobre uma possível candidatura à prefeitura de Salvador foi o deputado federal Nelson Pelegrino (PT). Ele desconversou ao afirmar que o tema ainda seria decidido pelo partido.

O senador César Borges foi o único que esclareceu sua situação abertamente. O político foi categórico ao dizer que em seus planos não está a disputa pela prefeitura. De acordo com o texto, para ele a presidência do PR é suficiente.

Para mudar de assunto, ele disse que considera o momento da caminhada uma demonstração de fé popular e não político.

Antonio Carlos Magalhães foi lembrado nesta edição. A lembrança do fundador recebeu destaque na página que finalizava o tema Lavagem do Bonfim na edição do dia 14 de janeiro. O título que encabeçou a matéria foi Na liderança do bloco oposicionista, Neto relembra o avô.

O deputado federal ACM Neto (DEM) recordou que seu avô não perdia a festa, uma marca forte na celebração. Ele citou que começou a ir ao Bonfim com ACM quando era criança. O contato com a população foi revelado como umas das características positivas do ato.



O senador Antonio Carlos Júnior (DEM) também ressaltou a lembrança do pai, principalmente durante as festas populares, momento em que ele sempre estava presente. O jornalista destacou que quando o mandato acabar ele se dedicará às atividades empresariais não mais a política.
Novamente, a provável candidatura à prefeitura de Salvador foi mencionada.

ACM Neto, como outros políticos, também se esquivou de qualquer declaração que aponte sua candidatura ou não, em 2012. No entanto, o deputado José Carlos Aleluia (DEM) falou abertamente que o partido tem interesse em conversar com Neto, Geddel e César Borges. Segundo ele, todos que são contra o desgoverno de João Henrique.

A foto ilustrativa mostra ACM Neto acenando para a população ao lado de políticos aliados e de uma baiana.

O enquadramento totalmente político nesta matéria evidencia que a opinião de que a cobertura da Lavagem do Bonfim tem como um dos focos colher informações dos próximos passos que envolvem os políticos baianos seja no âmbito municipal ou federal.

Também foram atores João Almeida (DEM), Elmar Nascimento (PR), Bruno Reis (PRP), Tom Araújo e Herbert Barbosa, ambos do DEM, César Borges (PR) e Maurício Trindade (PR). Com isso, o Correio tenta mostrar que a oposição tenta se manter presente.

No enquadramento da primeira grande reportagem no dia 14 de janeiro, ficou claro que apesar do destaque da festa do Senhor do Bonfim ter sido a questão da proibição dos animais na rua, o jornal Correio da Bahia fez uma grande reportagem mostrando todos os momentos altos da Festa do Senhor do Bonfim, deixando o leitor bem informado de tudo aconteceu naquela quinta – feira, do 13 de janeiro de 2001 e também mereceu um grande destaque aos políticos que participaram na festa, sendo o ponto ápice a ausência do prefeito de Salvador, João Henrique. Os movimentos pré candidatura a Prefeitura de Salvador em 2012 e o saudosismo a ACM.

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