No dia 11 de janeiro de 2011, dois dias antes da festa do Senhor do Bonfim, no caderno Mais, página 16 o jornal fez três matérias sobre a festa do Senhor do Bonfim.
A matéria principal assinada pelo jornalista Alexandre Lyrio, “Arte de Jegue” o seu título teve um relevante destaque. A matéria começa com o sub-lead “Homem vai puxar jegue na lavagem. Artistas apóiam carroceiros”, onde o jornal quis mostrar a criatividade dos carroceiros e donos dos animais, que fazem com que o desfile deixe a festa divertida e irreverente.
Na matéria, a equipe de divulgação do jornal fez uma charge em que um homem puxa o famoso jegue Pagode, que é transportado sobre um carrinho alegórico ao longo dos 8 quilômetros de percurso ao lado de duas beldades abanando suas orelhas e oferecendo-lhe comidas.
A charge do jornal mostra a grande criatividade dos carroceiros, onde o dono do jegue pagode, Moisés afirma que sua carroça será exatamente como foi à charge, o jegue Pagode ficará em cima de um carro alegórico, sendo bem tratado para mostrar que os animais não são maltratados durante a festa. A idéia dos carroceiros e donos de jegue é fazer um protesto bem humorado contra os ativistas ambientais que lutam pela proibição dos animais da festa.
Com essa charge feita por diagramadores do jornal, percebemos que o Correio deixou bem claro que eles indiretamente estão a favor, em defesa dos carroceiros e donos de jegues. Na matéria também ressaltam que Moisés Cafezeiro foi buscar no dia anterior a este, a liberação do veículo que transportará o jegue pagode durante o desfile. Um carro de som estará à frente, em que terá um microfone aberto para as pessoas opinarem sobre a situação dos animais, se o povo quer ou não os animais na festa.
Na matéria secundária “Reforço” o jornal mostra que aos poucos os donos dos animais vão ganhando apoio. Artistas de grande destaque também entraram na briga em favor dos carroceiros. Como é o caso da cantora Margareth Menezes, que em entrevista ao Jornal diz que a participação dos jegues na festa deve sim ser permitida, mas ela afirma que os animais devem ter um bom tratamento para que não fiquem tão debilitados após os 8 km de percurso.
E também retrata um aspecto muito importante em que à mesma diz que a batucada, as baianas e os bichos na festa são manifestações populares. Que se os bichos forem retirados, assim como aconteceu com as barracas nas festas populares, vão perder a essência cultural.
A festa que é de caráter totalmente popular, sem os bichos, ficaria padronizada assim como fizeram com a criação do Bonfim Light em 1998, que foi por causa da retirada das barracas populares que criaram a festa no Bahia Marina, fazendo com que a festa ficasse voltada mais para a elite da sociedade, tornando-se um verdadeiro carnaval fora de época, enquanto a festa era para ser religiosa.
Outra questão que também merece grande destaque é a entrevista dada pela diretora de teatro Aninha Franco, que retrata na matéria que nem o próprio Senhor do Bonfim estaria gostando dessa história, que o povo está esquecendo a manifestação de fé no padroeiro da Bahia e que estão só pensando no lado profano da festa, que o lado sagrado está sendo deixado de lado.
Franco enfatiza que precisa de mais humanidade nas pessoas, pois tanto os homens quantos os jegues sofrem maus tratos, dificuldade durante todo ano e porque no dia de uma manifestação de fé, que já vem ao longo de gerações tem que ser retirada da festa. Na matéria ela enfatiza que acha uma verdadeira bobagem essa discussão sobre os jegues na festa.
O jornal também entrevistou o antropólogo Roberto Albergaria, que todo ano na festa faz o famoso casamento anual entre o “jegue de cueca” com a “jega de calçola” no Bairro do Uruguai, que é um evento pré-carnavalesco que há anos acontece no desfile do Senhor do Bonfim. Albergaria afirma que os ambientalistas estão se aproveitando dessa situação para a exposição na mídia.
O jornal Correio da Bahia nesta matéria deixa bem claro que o jornalista Alexandre Lyra que assinou a matéria fez uma grande investigação sobre a festa do Senhor do Bonfim, onde mostra todos os fatos da festa que até então muitos leitores não haviam conhecido.
Neste enquadramento percebemos que o Jornal Correio da Bahia deu um grande destaque à luta dos carroceiros e dos donos de jegue. As matérias e entrevistas realizadas fizeram com que a reportagem tivesse uma grande riqueza de detalhes, em que o leitor pode perceber o que realmente estava acontecendo com essa grande discussão acerca dos animais na festa.
O jornal destacou ainda, a situação dos jegues, assim como na matéria do dia 7 e 8 de janeiro deram destaque a questão do desfile e não deram quase nenhum destaque ao lado sagrado da festa do maior padroeiro da Bahia, a matéria do dia 11 de janeiro também destacava mais a situação da liminar com o desfile dos animais.
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