domingo, 5 de junho de 2011
Enquadradamento do Correio da Bahia sobre a Lavagem do Bonfim nas matérais do dia 8 de janeiro
Na matéria do dia 08 de janeiro de 2011, cinco dias antes da festa do Senhor do Bonfim, no caderno Mais, páginas 24 e 25, o jornal fez uma matéria do jornalista Alexandre Lyrio, cujo título “Donos de jegue contra – atacam” tem um relevante destaque. Nesta matéria o jornal evidência o lado dos donos dos animas, reivindicando a não proibição da participação dos animais na festa.
Na matéria secundária “Carroceiros se unem para barrar ação que tira os animais do Bonfim” o jornal deixa bem claro para o leitor que o enfoque principal da matéria são as reivindicações dos carroceiros e donos dos animais.
A matéria começa falando que os donos de jegues, proprietários das carroças, artistas, devotos e até turistas estão contra a ação cautelar que proíbe o desfile dos animais durante a festa. Moisés Cafezeiro, dono do Bloco “Levada de Jegue” e proprietário do jegue “ Pagode” o animal mais famoso durante o desfile, realiza um grande jogo de articulação contra a liminar que proíbe o desfile dos animais na festa.
Na festa do Senhor do Bonfim de 2010, no ano anterior, os ativistas do meio ambiente e a OAB – BA, já tinham elaborado uma ação contra o desfile dos animais na festa, mas não obteram êxito na ação e a ordem foi acatada parcialmente. Conferimos nos arquivos do Jornal Correio da Bahia e vimos que o jornal também fez matérias sobre o assunto.
Na matéria deste ano, no dia 08 de janeiro, Cafazeiro diz que logo cedo pela manhã, já tinha armado uma articulação para acatar a decisão do juiz em proibir o desfile dos animais. Ele reuniu-se com o grupo de Cavaleiros da Ilha de Maré, que é um dos grupos mais antigos a marcar presença na Festa do Senhor do Bonfim, junto com o grupo de Cavaleiros de São Sebastião do Passé que também fez parte da manifestação.
Nessa matéria fica bem claro, que o Correio quis mostrar claramente a manifestação dos donos de jegue X ativistas ambientais e OAB – BA. Cafezeiro, dono do jegue pagode, diz que eles vão elaborar um documento informando ao Ministério Público, OAB e ONG’S sobre os cuidados que eles tomam com os animais durante o trajeto de 8 km percorrido durante a festa, em percurso da Igreja da Nossa Senhora da Conceição da Praia até o alto da Colina Sagrada, onde fica a Igreja do Senhor do Bonfim, padroeiro da Bahia.
A matéria mostra a organização que os carroceiros têm entre eles, muitos deles alegam que fazem parte do seu “ganha – pão” a Festa do Senhor do Bonfim, que cada aluguel da carroça é R$ 250 e que muitos carroceiros dependem desse dinheiro e que muitos deles já até receberam pelo pagamento dos aluguéis das carroças, muito antes da festa ser realizada.
O Correio da Bahia nesta matéria favorece de maneira positiva a ação dos donos de jegue da festa, mostrando que eles realizam o desfile dos animais de uma maneira organizada, dentro das leis municipais, onde eles afirmam que não são baderneiros e que nunca machucaram e nem maltrataram os animais.
Na matéria tem um olho do Sr. Moisés em destaque, em que ele fala que precisaria de uns 500 policiais montados para tirar tantos carroceiros da festa. Na matéria também entra em destaque que a Saltur (Empresa de Turismo de Salvador), afirma que não sabe o certo a quantidade de carroças que tem na festa, mas aponta uma questão muito interessante na matéria.
Em que muitos carroceiros de até outras cidades como Lauro de Freitas, Alagoinhas, Simões Filho e Feira de Santana e também fiés da cidade baixa e subúrbio ferroviário também comparecem ao desfile, a Saltur afirma que existem mais de 200 carroças cadastradas durante o percurso, mas que existem várias que vão de forma clandestina.
O jornal evidenciou nesta matéria uma questão muito importante, em que as pessoas só pensam na festa, mas não se dá conta de todo o aparato que a cidade tem que fornecer para a segurança pública durante o evento. Outra questão importante que o jornal retrata é que muitos artistas juntaram-se com os carroceiros.
O cantor Gerônimo, que é um dos artistas que tradicionalmente participam da festa do Bonfim, em uma maneira de mostrar a sua insatisfação contra a decisão do Juiz em proibir o desfile dos jegues, o cantor afirma que vai este ano para a festa com três carroças, 50 percursionistas e 200 integrantes do bloco Orishalá.
O cantor ainda alfineta os ativistas ambientais dizendo que eles teriam que preocupar-se mais com as crianças que fumam crack durante a festa, do que com os animais que desfilam na festa, pois segundo ele, esses animais nasceram com resistência física natural para puxar carroça e andarem quilômetros de distância carregando peso.
Já o padre Edson Menezes, pároco da Igreja do Bonfim, também entrevistado na matéria, defende a presença dos animais, mas deixa claro que recrimina qualquer mau-trato, castigo sofrido pelo animal durante o trajeto da festa. Segundo o pároco os animais devem ser preservados na festa, pelo falto de ser uma tradição de anos, ele acha que não devem proibir uma tradição de anos, mas desde que não haja nenhum mau trato aos animais.
O Jornal também destaca na matéria, que no dia anterior, 07 de janeiro de 2011, na primeira sexta – feira do ano, onde tradicionalmente reza-se uma missa na Igreja do Bonfim, muitos fiéis colocaram-se contra a decisão de impedir o desfile dos jegues na festa do Senhor do Bonfim. Eles reclamaram que a cada ano as pessoas vão acabando com a tradição da festa, que o povo baiano vai perdendo a sua fé com uma tradição que é secular na cidade. Eles alegam que os carroceiros não maltratam os animais, que eles têm resistência física para percorrem os 8 km até a colina sagrada.
O jornal também destaca na matéria, que naquele mesmo dia, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ajuizaria no Plantão Judiciário uma ação cautelar para impedir a presença dos animais na festa.
O argumento apresentado pela OAB é de que os bichos sofreriam um grande estresse durante a festa, um esforço desmedido, seriam submetidos a sons estridentes que fariam mal aos animais. Os ambientalistas também citam um documentário titulado de “Os animais da Terra da Felicidade” produzido em 2010 mostrando maus tratos dos animais em participações de eventos públicos, sendo o grande triunfo que eles teriam contra os carroceiros que serão apresentados no processo como prova.
Na matéria secundária “MP fiscalizará maus-tratos na lavagem”, onde o Ministério Público promete fiscalizar os maus-tratos dos animais na festa, o promotor substituto da 2° Promotoria do Meio Ambiente Antonio Leal, afirma que caso a presença dos animais seja liberada ele enviará a festa técnicos de órgãos para servir de fiscais de prefeitura e de proprietários de bichos. No ano passado, o MP liberou a presença dos animais com a condição de o município punir no ato, situações onde haveria maus-tratos com os animais.
O que percebemos durante análise do enquadramento desta matéria do dia 08 de janeiro de 2011, é que a grande “novela” entre os donos de jegues, ativistas ambientais, MP e OAB tiraram totalmente o foco da Festa do Senhor do Bonfim. O Jornal Correio da Bahia deu um grande destaque a discursão, mas pouco mostrou ou quase nada mostrou sobre a festa do Senhor do Bonfim. Mas em breve pesquisa feita pelas docentes nos anos anteriores, o Jornal também deu um grande destaque a questão do embate da proibição dos animais na festa.
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