Em 13 de janeiro, dia da Lavagem do Bonfim, o Correio deu destaque, mais uma vez, como nos dias que antecederam a maior festa religiosa da Bahia, para o problema da proibição dos jegues e outros quadrúpedes no festejo.
O texto é iniciado de forma a demonstrar que os animais são respeitados. Que o carroceiro Móyses Cafezeiro iria puxar a carroça no lugar de seu jegue, Pagode. Além disso, a matéria trata da liminar que proíbe a participação de carroças conduzidas ou puxadas por animais.
Novamente, o dono do animal expressou descontentamento sobre a decisão de Justiça, relatando que iria puxar o jegue Pagode nos oito quilômetros do percurso da festa. Um detalhe nos chamou atenção: o mesmo juiz que concedeu a liminar que impedia a participação dos bichos também gosta da presença deles. Contradição colocada à prova na matéria. O juiz ainda ressaltou a necessidade de fiscalização, justificando, assim, sua decisão.
Em defesa dos jegues e de outros animais, o cantor Luís Caldas opinou a favor dos ambientalistas. O artista considera que os bichos não escolhem ir para a festa porque são levados pelos donos.
Em um intertítulo, os jornalistas tentaram explicar o que fica previsto com a liminar. A decisão prevê prisão imediata para as pessoas que levassem animais à procissão, além de multa de R$ 90 mil. Se fosse pego maltratando os bichos, o infrator deveria ser preso podendo chegar a cinco anos de reclusão.
Uma explicação necessária aos leitores. No trecho fica evidente, de forma muita clara, a explicação da penalidade.
Quando o assunto é a fiscalização dos possíveis maus tratos, o foco se vira para a Prefeitura, através da Saltur, como órgão responsável por isso. A responsabilidade também poderia cair sob a Prefeitura caso a liminar fosse descumprida.
A PM foi incluída no processo para contribuir na fiscalização em todo o percurso e o MP. Mesmo informando que não teria sido notificada, a promotora do MP designada para o caso, demonstrou estar atenta o caso e bem informada por meio dos jornais.
Neste trecho, o enquadramento muda um pouco, apesar de ainda se referir à administração municipal. Os detalhes de que a Prefeitura, através da Vigilância Sanitária e o Centro de Zoonoses, ainda contariam com o auxílio da Transalvador e PM na fiscalização apontam para a eficiência do poder municipal. Fica evidente que a intenção era mostrar que as medidas judiciais seriam cumpridas por todos os envolvidos no impedimento dos animais na festa, comprovando a competência.
A história de uma senhora que não participava da festa há 30 anos foi o alvo do segundo texto do dia. Tradição, lembranças e o saudosismo destacaram que o simples gesto de amarrar as famosas fitas nas grades da Igreja do Bonfim pode ter um significado importante na vida dos fiéis.
Mesmo morando no Rio de Janeiro há tanto tempo, Dona Marilda, personagem principal da matéria, relatou que não viu mudanças significantes na festa. Ela ainda destacou que o local trazia lembranças dos momentos felizes passado ao lado de seu marido, falecido há pouco tempo. Ele não se esquecia da igreja. A visita também a fez recordar que sua filha mais velha foi batizada na Igreja do Bonfim.
O foco deste texto saiu dos jegues e carroceiros e toda proibição que girava em torno do tema, se voltando para o tradicionalismo e manutenção da fé, mesmo hoje a baiana voltando como turista.
No final, há prova de que nem o tempo apaga a tradição de uma baiana que vivenciou os momentos mais fortes da Festa do Bonfim: Dona Marilda amarrou uma fita para desejar saúde ao mais novo neto que esperava.
Outro tema encontrado nesta edição foi os preparativos das baianas de acarajé que participam tradicionalmente da Lavagem do Bonfim.
O cuidado das baianas com todo o processo para o dia da lavagem foi contado no pequeno texto.
Para perfumar todo o percurso com água de cheiro, as baianas compram os ingredientes na Feira das Sete Portas, para o banho de Amaci (ervas e das flores). Os ingredientes utilizados na manhã do cortejo são mirra, manjericão, folha da costa, arruda e macaçá. Tudo misturado a água da bica em uma bacia para abrir os caminhos e “descarrego”, uma forma de retirar as más energias. Segundo o texto, a água deve despejada sob o corpo após tomar o banho comum.
A baiana participa há mais de 20 de anos da festa. Ela relata que a ansiedade é tão grande que nem consegue dormir direito no dia anterior a Lavagem, com receio de perder o horário.
Os textos desta edição contribuíram para mostrar que a Lavagem do Bonfim mobiliza diversos segmentos da sociedade, como o poder público, no caso da proibição dos animais puxando carroças enfeitadas, baianas que lavam as escadarias da igreja e baianos que retornam com toda fé no Senhor do Bonfim.
O sagrado X profano também foi levado em consideração nesta edição, ao demonstrar que diversas religiões participam da festa, como prova do ecumenismo que rodeia o ato.
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